"Regresso à elite é utópico"
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Em entrevista concedida ao jornal Diário do Alentejo, o presidente da Direcção do Clube de Futebol Vasco da Gama, António Galvão, analisa a época desportiva e o futuro do andebol do clube. Longe das emoções da Divisão de Elite, o CF Vasco da Gama mantém uma equipa na II Divisão e regressou em força à formação. António Galvão considera a temporada positiva, revela cepticismo quanto ao futuro, acentuando o acréscimo de encargos e a diminuição das receitas. Lamentando a má sorte do seu projecto para o andebol do Alentejo, mas assegura que a modalidade vai continuar na Vidigueira.
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Como tem decorrido a temporada?
Temos feito uma época dentro do previsto, embora sabendo que era possível melhor. Em vez de acabarmos a 1.ª fase em 5.º lugar podíamos ter ficado em 3.º ou 4.º. Nesta 2.ª fase lutamos para os dois primeiros lugares e temos condições para isso.
A manutenção está assegurada?
Era o principal objectivo. Ficou confirmada com a vitória sobre o Lagoa AC.
E o futuro?
A próxima temporada ainda está em estudo, cada vez temos menos apoios, os patrocínios estão mal. As empresas estão em forte recessão e toda a gente se recente. Temos despesas para irmos buscar atletas a Évora, estão connosco há quatro anos, e é importante que se mantenham mas não é fácil.
Ainda têm equipas de formação?
Construimos uma equipa de juniores que esteve na fase final da II Divisão e fez um bom campeonato. A maioria são estudantes e não sei se irão para a universidade. Temos nove ou dez juniores que podem fazer parte dos seniores.
Os seniores têm base na formação?
A maior parte dos atletas veio da formação, mas temos quatro jogadores de Évora e faremos tudo para os manter. Queremos apostar na formação, mas trazendo atletas que sejam titulares indiscutíveis e ensinem alguma coisa aos jovens.
Quando estiveram da Elite desinvestiram da formação. Mas já recuperaram as equipas jovens e continuam com os seniores em bom nível competitivo?
Na formação os campeonatos são todos nacionais, hoje jogamos em Lagoa e amanhã em Leiria. Passamos à segunda fase com os juniores, nos infantis mantemos-nos na fase final. É um campeonato a oito num percurso que vai desde Lagoa, passa por Olhão, Setúbal e vai a Benavente.
Querem regressar à Elite um dia?
Não saímos da Elite por vontade, fomos empurrados por falta de investimento dos patrocinadores, por não acreditarem num projecto que continuo a achar que tinha sido o grande salto, não só para a Vidigueira mas para o Alentejo. Estou céptico quanto à possibilidade de voltar, é pura utopia. Tem que passar por um projecto regional e nunca por um clube só.
É uma modalidade dispendiosa?
O amor à camisola já desapareceu há muito. As competições são mais exigentes, é preciso treinar mais, fazer viagens mais longas e maiores sacrifícios e tudo tem que ser premiado. Os prémios de treino têm que se manter, as inscrições estão mais caras, a arbitragem gera encargos elevados. é utópico pensarmos em ter cada vez mais gente a praticar desporto, às vezes, para fazermos 50 minutos de jogo fazemos 400 quilómetros.
Os apoios vão escasseando?
Os municípios estão com problemas, todos os dias reduzem os subsídios. O apoio para o andebol da Vidigueira é claramente suportado pelo município e pela Caixa de Crédito Agrícola, são os nossos dois grandes patrocinadores. Se um dia eles fecharem a torneira não teremos condições para continuar com tantas equipas e com este trabalho.
O andebol é a modalidade mais emblemática do clube?
O futebol é sempre o futebol, por isso tinha sido importante manter a equipa na Elite ou um pouco mais acima e reunirmos esforços para existir uma equipa onde os jovens do distrito pudessem jogar ao mais alto nível. Tínhamos sempre pavilhões cheios, agora vêm algumas pessoas, o andebol e as modalidades amadoras trazem cada vez menos gente aos pavilhões, somos bombardeados com jogos televisivos de manhã à noite, as pessoas saturam-se, e quem está a ver o Chelsea com o Manchester, a seguir não vai ver o Vasco da Gama com o Cabeça Gorda.
Reportagem de Firmino Paixão in Diário do Alentejo